Cultura

Brasiliense cria projeto para incentivar a permanência de licenciados em dança no cenário artístico da cidade

26 de setembro de 2022

A brasiliense e professora de arte da dança, no Instituto Federal de Brasília (IFB), Cínthia Nepomuceno, desenvolveu um projeto para extrair novas ideias, baseadas em monografias de alunos do departamento de dança, e que vivem em diversas Regiões Administrativas no Distrito Federal.

O projeto intitulado Transcrições Coletivas Coreográficas, realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), do GDF, oferece a nove ex-orientandos da professora, que se formaram pelo instituto, a oportunidade de expandir o que foi aplicado durante o curso. Cínthia conta que a ideia surgiu logo após o período de pandemia, já que muitos destes estudantes tiveram que deixar a dança de lado para se dedicarem a atividades que garantisse o sustento imediato. Para estimular e ajudar a manter esses profissionais no cenário artístico, a professora conta que buscou recursos que pudessem ajudá-los na recolocação profissional, após o período de isolamento causado pela COVID-19.

“Tenho estabilidade no serviço público, mas a maioria desses egressos sobrevivia de suas aulas de dança e outras ações culturais. E tudo isso ficou paralisado devido à pandemia. Acompanhei muitas histórias tristes de pessoas talentosas que tiveram que se tornar entregadores de comida em aplicativos de delivery, andando de bicicleta, e aquilo me preocupou, me indignou e entristeceu porque eu conhecia o potencial criativo dessas pessoas”, lembra.

Com o projeto, a professora conta que cada dançarino terá a oportunidade de desenvolver novas interpretações artísticas e podcasts. Além de estimular a inclusão de outras pessoas que queiram ingressar na profissão artística, esses integrantes do projeto também terão a oportunidade de refletir sobre a possibilidade de iniciar um mestrado e dar continuidade à carreira acadêmica.

“Muitos desejam dançar profissionalmente, mas não têm condições de se dedicar exclusivamente à atuação nos palcos. Um dançarino contemporâneo não tem muitas opções no País, não existem muitas companhias profissionais, a cultura está sucateada. A dança precisa de fomento, reconhecimento e valorização de seus profissionais”, conta.

Para Cínthia, o ideal é que existam formas de as pessoas escolherem viver de dança, fazendo aquilo que desejam e que sejam valorizadas por isso. Para ela, a cultura no Brasil precisa de fomento, pois, esse conceito é primordial para uma vida digna em sociedade.

Com o intuito de elucidar o atual cenário cultural no Brasil, a profissional responde duas perguntas:

1) Quais outros projetos envolvendo dança e pessoas de comunidades carentes você já desenvolveu?

Desde meus estágios docentes, quando eu era estudante da Licenciatura em Dança da UNICAMP, dei aulas em comunidades carentes de atividades culturais, sendo a ação mais importante na Vila Brandina, em Campinas, ocorrida nos anos de 1992 a 1994. Em 2001 estive muito próxima dos Arteiros na Dança, que se tornou uma Associação Cultural e desenvolve projetos de cunho social, aprendi muito com aquela experiência. Nos anos de 2005 a 2007, realizei consultorias para a Organização Internacional do Trabalho — OIT, desenvolvendo oficinas para mulheres e meninas em situação de exploração sexual, com atividades conduzidas no Distrito Federal, em Roraima, no Pará e em São Paulo. Em 2013 participei como docente do Instituto Federal de Brasília, coordenando ações do Programa Mulheres Mil, programa da Setec/MEC que oferecia formação profissional e tecnológica para mulheres em situação de vulnerabilidade social. No IFB ainda integrei o Projeto de Extensão Educar Dançando como subcoordenadora, com ações de dança-educação para crianças da Vila Estrutural, nos anos de 2017 a 2019.

2) Você acredita que as pessoas estão deixando de seguir esse viés profissional por falta de incentivo ou outra razão?

As pessoas desistem de seus sonhos devido às dificuldades que encontram no meio do caminho. Das pessoas que orientei, algumas já se formaram em outras áreas em busca de mais estabilidade. Inclusive, esses não fizeram parte do projeto porque mudaram de profissão. Existe o medo, a insegurança. Acaba sendo uma área de atuação para privilegiados. Observo a minha volta e vejo muita gente branca com boas condições financeiras, com suporte da família prosperando na área de dança. Vejo também muita gente preta e com pouco dinheiro precisando fazer muito esforço para não deixar de seguir a carreira na dança, atuando em outras frentes profissionais, muitas vezes se frustrando como professores, quando gostariam de estar nos palcos com talento para isso. Mas faltam oportunidades. Tudo isso tem muito a ver com essa maré desastrosa na gestão cultural do nosso país. Felizmente ainda podemos contar com fomentos como o do FAC, no Distrito Federal, que oferece possibilidades de manter projetos ativos, como o nosso, enriquecendo a cultura de nossa região.

Serviço
Site
ofical: https://factccs.wixsite.com/factccs
Instagram: https://www.instagram.com/fac.tccs/

Com Informações: Destak Comunicação

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