Enfim chegou o post sobre o Met Gala 2021! Um dos eventos mais aguardados da moda aconteceu após um ano de pausa, forçada pela pandemia.
Para quem não conhece, ou quer entender melhor o hipe do evento, o Met Ball Gala é um baile beneficente que arrecada fundos para o Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque. O baile teve sua primeira edição em 1948 e marca a abertura da exposição anual de moda do Costume Institute, exposição esta que é marcada por um tema que também se reflete no traje formal baile.
O evento começou a chamar muita atenção nos últimos anos, quando celebridades como as cantoras Rihanna, Beyoncé e Lady Gaga, o ator Billy Porter e a editora-chefe da Vogue americana, Anna Wintour, passaram a sustentar looks “diferentões” em suas passagens pelo tapete vermelho. E de fato é um espaço para isso mesmo! Fashionismo, exagero, exuberância e looks que provavelmente ninguém usaria na rua são sempre bem-vindos durante uma edição do Met Gala.
Passados alguns dias da última edição, que aconteceu na segunda-feira 13 de setembro, e com todas as informações/fofocas/reclamações apuradas, acredito que posso mostrar melhor o que foi a edição deste ano, e por que ela entregou sim o que tinha que entregar.
Começando pelo tema. Este ano o baile foi guiado por “Na América: Um Léxico da Moda” (Léxico significa conjunto dos vocábulos clássicos de uma língua), ou seja, uma homenagem à América e a história da moda americana. O tema da edição 2019 foi o tão comentado “Camp” que celebrava o exagero, então para não criar expectativas muito altas é importante entender que o tema de 2021 não é bem por aí.
Falando em expectativas, algumas pessoas sentiram a falta da presença de grandes nomes da música, como Beyoncé, Nicki Minaj, Lady Gaga, Ariana Grande e Taylor Swift, que dão o que falar só de aparecer no evento. Mas a falta dessas celebridades não diminuiu a grandiosidade do evento, cedendo lugar para outras grandes aparições. Alguns looks entregaram o tema de cara, outros trouxeram elementos simbólicos ou precisam de explicação, outros fugiram mesmo e está tudo bem. O importante é trazer motivo pra gente comentar.
Vamos aos Destaques:
O atual reizinho do pop Lil Nas X entregou tudo em sua primeira participação no Met Gala. Ao contrário do que se espera – que os participantes de primeira viagem apareçam com looks mais simples –, o rapper não sustentou apenas 1, mas 3 looks incríveis, assinado pela Versace.
De acordo com o Instagram da marca a sequencia de visuais conta “um conto de fadas americano LGBTQIAP+ em três atos”. O primeiro look é uma capa dramática, que representa a ocultação do próprio eu, do eu real. “A capa foi então tirada para revelar a armadura adornada por Medusa, um símbolo de proteção contra os preconceitos enfrentados por uma pessoa negra e queer. Finalmente, a armadura é removida mostrando um macacão colado que representa a vida como seu verdadeiro eu desprotegido.” Icônico!
Já Billie Eilish apareceu um pouco diferente da imagem a que estamos acostumados. A cantora homenageou a era Old Hollywood e suas estrelas, como Marilyn Monroe, com um vestido cheio de classe criado pela Oscar de la Renta.
Billie foi uma das “co-hostes” da noite (a mais jovem da história do baile, com 19 anos), e só aceitou usar o vestido depois que a Oscar de la Renta se comprometeu a parar de vender peças com pele animal. Como uma boa vegana e ativista dos direitos dos animais (e sensata), Billie usou sua influência a favor da causa.
De acordo com o filme O Diário da Princesa “Uma rainha nunca está atrasada” e provando isso, Rihanna foi a última a chegar ao tapete vermelho do Met Gala 2021, e marcando presença! Acompanhada do namorado, o rapper ASAP Rocky, a cantora usou um look Balenciaga que gerou comentários controversos, mas que se encaixa muito bem no tema.
Durante as entrevistas na entrada do Metropolitan, Rihanna foi questionada sobre o significado de seu vestido e trouxe algumas explicações: “Eu sou uma imigrante e essa é a minha visão da moda americana. […] Eu queria uma roupa que parecesse muito poderosa e feminina, mas com um capuz preto, que é pelo que geralmente somos incriminados como pessoas negras. Eu queria fortalecer isso. Pegar isso e torná-lo meu, torná-lo moderno”, comentou. Ou seja, a ideia aqui foi transformar um símbolo de opressão em um símbolo de poder.
De acordo com a Stylist Marina Santa Helena, tanto Rihanna quanto ASAP usaram uma forte tendência do pós pandemia, que traz roupas largas, que destacam o conforto e relembram os momentos em casa, com cobertores, moletons e etc.
Looks com protestos
E o Met Gala 2021 também foi palco para alguns protestos. Usando a moda como ferramenta de comunicação, algumas celebridades trouxeram recados super importantes que, não só circularam nos espaços do Metropolitan, mas foram vistos por todo o mundo.
Carolyn Maloney, membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, pelo estado de Nova Iorque, usou um vestido Antonios Couture, protestando pelos direitos das mulheres. O vestido trazia faixas com os dizeres “Equal Right for Women” (direitos iguais para mulheres, em tradução livre).
Já a modelo e atriz Cara Delevigne também trouxe uma mensagem feminista em um look da Dior. Cara usou uma calça branca, com uma espécie de colete a prova de balas escrito “Peg the Patriarchy”, que em uma tradução mais simples significa “F*da o patriarcado”.
A também membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, pelo estado de Nova Iorque, Alexandria Ocasio-Cortez vestiu e foi acompanhada pela estilista Aurora James. O vestido branco levava nas costas a frase “Tax the Rich”, que significa “Taxe os ricos”. Detalhe, em um dos eventos mais luxuosos do mundo.
Muita gente não percebeu, mas o ator Jeremy Pope trouxe um grande e significativo protesto em seu look. Não só um protesto, mas uma grande homenagem. O look assinado por DION LEE traz referências às pessoas escravizadas que plantavam algodão, ou seja, a base da moda que nunca foi reconhecida.
Além de uma flor de algodão na lapela, Jeremy usou uma capa que remete aos utensílios utilizados pelos trabalhadores no campo. Em seus Instagram o ator comentou: “Eles plantaram sementes de beleza, cuidaram dos campos com força indescritível e colheram um tipo de excelência que sobreviveria por séculos. Para que um dia pudéssemos nos levantar, esticar-nos em direção ao sol e contar a história deles”.
E os protestos não estavam apenas nas roupas, mas nas atitudes também. O piloto Lewis Hamilton comprou uma das mesas do baile e a completou com diversos artistas negros, incluindo o seu estilista Kenneth Nicholson.
A ação foi uma celebração para as pessoas negras. Em entrevista à VOGUE o piloro explicou: “Para mim, essa noite, eu sou anfitrião em uma mesa. Eu trouxe três incríveis e talentosos designers negros. Vamos exaltar a beleza, excelência e talento. O Met é o maior evento de moda do ano e, para esse tema, eu queria criar algo que fosse significativo e gerasse uma conversa”. Não errou em nada!
Diversidade e presença trans
O evento também foi marcado pela representatividade LGBTQIAP+, especialmente com a presença de pessoas trans. Vários artistas passaram pelo tapete vermelho do evento, ostentando looks incríveis, muita personalidade e orgulho.
O ator Elliot Page usou um terno Balenciaga com um detalhe que chamou a atenção: uma flor verde. O acessório foi usado por Oscar Wilde no século XIX. O poeta e dramaturgo foi perseguido e preso, já que na época ser homossexual era crime. Durante a estreia da peça “Lady Windermere’s Fan”, Oscar pediu a um dos atores que usasse um cravo verde como uma marca, e disse a seus fãs que usassem também. A flor então virou um símbolo secreto que identificava homens homossexuais.
Este foi o primeiro evento público de Elliot após a sua transição, e ele estava extremamente lindo.
A cantora Kim Petras e a atriz Hunter Schafer também apareceram com looks incríveis assinados por Collina Strada e Prada, respectivamente.
A atriz MJ Rodriguez vestiu um look Thom Browne e sua colega de elenco na série “Pose”, Indya Moore usou SAINT LAURENT. Já a youtuber e maquiadora Nikkie de Jager, conhecida como NikkieTutorials, participou do evento com um vestido Edwin Oudshoorn.
E Nikkie trouxe mais uma referência super importante para a comunidade. O vestido azul e a coroa de flores são uma referência à ativista Marsha P. Johnson, travesti, negra e uma das figuras mais importantes na luta pela liberdade da comunidade LGBTQIAP+ nos Estados Unidos e no mundo. Marsha participou da Rebelião de Stonewall, em 1969, considerado o marco zero da luta dos direitos LGBT.
Em uma de suas imagens mais conhecidas, a ativista está usando uma coroa de flores, que também esteve presente no look de Nikkie. Já a letra “P” no meio de seu nome, vem da frase “Pay it no Mind” (Não Importa), que era bastante repetida por Marsha. A frase decorou uma faixa no vestido da youtuber. Referências ♥
Anitta
E Não dá para falar do Met Gala 2021 sem falar da brasileiríssima, Anitta!
Muita gente falou, brigou e reclamou, mas a verdade é que a presença da cantora no evento foi um grande passo para sua carreira. Anitta foi acompanhada do design de sapatos Alexandre Birman, ou seja, ela era convidada de um convidado, e por isso optou por um vestido mais simples, mas ainda assim DESLUMBRANTE!
Anitta usou a peça assinado por Peter DUNDAS (que também vestiu celebridades como Ciara e Mary J Blige no evento), além de sandálias assinadas pelo próprio Birman. A bicha ainda foi para o after party organizado por Rihanna… Arrasou!
Confira mais looks usados na noite:
Imagens: Getty
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